ÀS 5 EM PONTO DA TARDE! (in Honey Baby é meu Buda // Novela experimental)

Quando levantei-me naquela tarde, às 5 em ponto da tarde como em um dos mais conhecidos poemas de García Lorca – sua elegia em homenagem ao toureiro Ignacio Sánchez Mejías, às 5 em ponto totalmente de bode, ainda mais solitário que cansado, um pouco mais tarde do que de costume, recordava-me apenas de que havia sonhado com triângulos e um vulto que punha ovos como a morte em minha ferida e que assemelhava-se a um vago homem ou uma vaga mulher, uma vaga mulher-homem, não sabia ao certo diferenciar.

– Quais são os 7 tipos de triângulos? – Este alguém me perguntou, sentado ali a media luz numa rota poltrona, esgeirando-se como um vulto que era e que , vezenquando, a sussurrava Carlos Gardel: “A media luz los besos, a media luz los dos.”.

– Triângulo é um polígono de três lados e três ângulos. Há sete tipos de triângulos e sua classificação depende da disposição dos ângulos podendo ser: isósceles, equilátero, escaleno, retângulo, obtuso, agudo ou equiângulo, respondi escolar e decorado.

– Siga, portanto, o corpo esquálido que escorre pelas guias, exagerado propositalmente, uma forma dramática, disfarçada de autêntico, uma sombra de si que se consome e sussurou, novamente: “Y todo a media luz, que es un brujo el amor, a media luz los besos, a media luz los dos. “, desaparecendo lentamente como fumaça de cigarro entre os dedos.

Pensei que fosse uma ama seca, uma ama de anca larga e sexo espesso, uma flor bela que me espanca e deixa aquela dor de cabeça que me fazia às 5 da tarde crer que no mais era só morte e apenas morte e me fazia arrastar este corpo que não luta mais como um leopardo, mas estrebucha de dúvida e calafrios até o armário do banheiro para ingerir dois, três, quatro e cinco comprimidos de analgésicos.

Triângulos, media luz… sonhos em geral são mais problemas que solução, penso enquanto massageio a própria fronte e ajeito uma foto de Honey Baby presa no espelho do banheiro.

HONEY BABY É MEU BUDA!
Lançamento : Editora VERVE
É uma novela sem açúcar, mas com muito afeto de TRISTAN TELL, cineasta e jornalista. Em seu 5º livro, HONEY BABY É MEU BUDA aponta para a prosa experimental, novela Idéia, monólogo onírico de grandezas e delícias. Narra a desventuras e aventuras do artista e sua musa idílica em um tempo em que sua geração foi destruída pela droga, violência e pelo sexo (Conjugalidade e HIV/AIDs), o então desmesurado amor e a doçura da dor antes da virada do milênio, que deu nesta merda toda aí.
Em SETEMBRO/23! EPUB Disponível pra DOWNLOAD na Amazon e eBay. E por DEMANDA ( Venda antecipada).
Capa /Modelo: Titta Bottan
Grato, sempre!
www.tristantell.com.br

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