A moda tem Iris van Herpen, Especial de Arte para WM Mag Internacional.

A moda (re)nasce e justifica sua existência a partir do princípio do novo. Portanto, ela nasce e, automaticamente, já anuncia sua própria morte a cada estação. Esse automatismo é ditado por regras daquilo que compreendemos como calendário, o qual força as criatividades a se adaptarem às regras das divisões de etapas por meses, segundo a linha produtiva dos mercados.
Se pensarmos no princípio da busca constante pelo “novo”, precisaremos nos lembrar ainda de quem propicia esse “novo” à moda. Responsável por tal tarefa, o estilista é o ator principal na trama que mescla ideias, desejos, matérias-primas, temas, interpretações e indivíduos.
Esse “mélange” constitui o fenômeno moda, que gera, em boa medida, o fascínio pelo que produz no inconsciente das pessoas, quando geralmente se deparam com uma produção extremamente rebuscada no quesito inventividade. E é esse fundamento que busco ao assistir aos desfiles, seja o das semanas de moda, seja o de formandos em moda. E lhes aviso que é importante nos atentarmos para outros países, como os nórdicos e bálticos, por exemplo, pois o fundamento das capitais da moda, que é hegemônico, começa a conviver com uma nova realidade: a da expansão dos novos cenários criativos.

E o mundo já testemunhou esse novo desenho quando os belgas dominaram a moda com suas propostas estéticas minimalistas nos anos 1990. Agora um nome proeminente tem despertado bastante minhas atenções. O nome dela é Iris van Herpen, uma jovem criadora e ex-aluna de design de moda da Artez, prestigiada instituição de ensino de Arnhem, na Holanda. O desfile début de sua marca foi em 2007. Na recente carreira, ela estagiou com Alexander McQueen, em Londres, e com Jongstra Claudy, em Amsterdã. E o que mais tem me hipnotizado com as visões de moda de Iris é como cria uma reciprocidade impressionante entre o fazer artesanalmente com inovações nas técnicas e materiais que ela emprega. Sem medo e excesso, poderíamos dizer que a ausência e a sensação de vazio na moda, geradas pelo suicídio do visionário Alexander McQueen, começam a ser preenchidos pela nova verve criativa de Iris van Herpen.
A riqueza no seu processo criativo está fundamentada em um princípio essencial aos autênticos criadores: o da autoria artística. “Para mim, a moda é uma expressão de arte que está muito próxima e relacionada a mim e ao meu corpo. Eu a vejo como minha expressão de identidade combinada com desejo, humor e ambiente cultural”, explica a estilista.
Quando Iris van Herpen nasceu, no ano de 1984, os japoneses começavam a dominar a cena fashion parisiense. Coincidência ou não, é em Paris, hegemonicamente na Semana de Moda Alta Costura, que Iris tem mostrado suas criações. Ela já produziu nove coleções, desfiladas em 15 semanas de moda, já recebeu seis prêmios, além de ter sido tema de 28 exposições com seus trabalhos de moda-arte. Com Iris van Herpen confirmamos que regras normais não se aplicam aos verdadeiros criadores. Ou, como ela nos explica, “com o meu trabalho, pretendo mostrar que a moda pode certamente ter um valor para o mundo, que é atemporal e que o seu consumo pode ser menos importante. Vestindo-se roupas podemos criar uma forma muito excitante e imperativa de auto expressão”. Viva Iris!

Visite o site de Iris van Herpen : http://www.irisvanherpen.com/site/
Tarcisio D´Almeida
Professor e pesquisador do curso design de moda da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). tarcisiodalmeida@eba.ufmg.br. Ele divide este espaço com Susanna Kahls, Jack Bianchi e Lobo Pasolini

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