COITADA, ELA TEM UMA FILHA DEFICIENTE! Por Jully Vitorio – Colunista

Olhares piedosos e meios sorrisos sem graça alguma, como se fossem um apoio do tipo “poxa, que triste, isso deve ser difícil, mas eu me solidarizo”…
Gestos gentis gerados por sentimentos de dó…
Boas ações a fim de produzir reconhecimento e mérito pessoal…
Meias perguntas, tímidas em sua maioria, esperando pela resposta correta, ou no mínimo, politicamente correta…
Palavras mal ditas e fora de contexto produzidas por curiosidade vã…
Justificativas esdrúxulas em meio a atitudes que não se justificam…
Sim, em pleno século XXI e o tema inclusão ainda é capaz de causar piedade, dó, orgulho em “ajudar”, busca por padrões, curiosidade, insensatez e muito espanto!
Então vamos lá! Vou responder aqui a uma pergunta que não quer calar, apesar de silenciosa:
_ Como é ter um filho/filha com deficiência?
_ Filhos são filhos, normalmente apenas mudam de endereço, como se diz por aí! Minha filha é para mim assim como os seus filhos são para vocês.

Em relacionamentos entre pais e filhos existe amor, broncas, erros, acertos, frustrações, momentos de stress para ambas as partes, momentos de perdão, de alívio, de consolo, de conforto, momentos felizes e angustiantes, alguns medos, inseguranças e indecisões, entre tantas outras coisas que nem caberiam em um livro de mil folhas com o intuito de explicar, descrever, significar ou ressignificar relacionamentos entre pais e filhos.
Pais amam e protegem seus filhos, por via de regra, independente de suas condições. O amor é sempre incondicional e pais atípicos não desejam que seus filhos tivessem sido trocados na maternidade.
Sim… pode parecer estranho aos olhos dos supostos “perfeitos e normais”, mas é exatamente isso!!! Eu não trocaria minha filha jamais, por nenhuma outra filha do universo. Aliás, isso é algo que eu sempre digo a ela: “se quando você nasceu houvesse um universo cheinho de bebês pra eu escolher, eu escolheria você! Sempre você!!!”
O que eu desejo (e a maioria dos ‘pais atípicos’, acredito eu), é que os ‘pais típicos’ enxerguem e olhem para a minha filha, como eu olho para os filhos deles… sem tentar “desvendar mistérios”, sem buscar “explicações sobrenaturais”, sem espanto, sem dó, sem suposições, sem desprezo, sem vanglórias.
O que eu desejo enquanto mãe atípica, é o que todas as mães desejam e talvez nem se deem conta do quanto desejam… o desejo de que os filhos possam viver e conviver dentro da sociedade a qual pertencem e que esta, por sua vez, com muito respeito e dentro do famoso amor ao próximo, através de seus olhares, não retirem deles sua real significância e não os tornem estáticos e invisíveis.

Jully Vitorio
Instagram:
@eujullyvitorio
E mail: contatojullyvitorio@gmail.com

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Uma resposta

  1. Eu acho q ter uma criança especial pra cuidar é recado de Deus para as mães dizendo: Vc são únicas, singulares, especiais e minhas filhas preferidas. MÃE não tem rima. Como disse acima, é singular !!! Sdmiro e parabenizo vc Jully Vitório por cuidar tão bem da Tatá. Amo vcs !!! 🙏🌷🌷♥️♥️

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