A sanidade no empreendedorismo, por Milena Rohr, Gestora de Negócios

Para compreender profundamente o comportamento do empreendedor, é preciso fazer uma análise sobre questões como: decisão de empreender, desafios na jornada do empreendedor, fracassos, conquistas, sentimentos, pensamentos, emoções, habilidades, disciplina, capacitação, dentre outras.
Passamos por muitos impactos emocionais decorrentes da COVID, isso é um fato inegável, mas a saúde mental sempre esteve presente no nosso dia a dia, em qualquer relação, por isso, vamos começar por ela.
O que é saúde mental?
Quero deixar bem claro que o que vou dizer sobre saúde mental é um entendimento da minha experiência e caminhada na evolução comportamental e é preciso uma compreensão especial, pois envolve muitos aspectos, como por exemplo, a sanidade e bem estar de qualquer pessoa.
Numa tentativa de ir na direção de uma definição mais inclusiva, concordo com alguns estudiosos que propõem que saúde mental é um estado dinâmico de equilíbrio interno que permite aos indivíduos usar suas habilidades em harmonia com os valores universais da sociedade.
Mas como isso é possível? É um conjunto de fatores, como por exemplo: capacidade de reconhecer, expressar e modular as próprias emoções, bem como ter empatia pelos outros; flexibilidade e capacidade de lidar com eventos adversos na vida pessoal e profissional; e a relação harmoniosa entre corpo e mente.
Existe uma relação de fato entre a saúde mental e o empreendedorismo?
Confesso que esse tema não foi pensado por mim, estava conversando com uma grande amiga Júliana Prádo, que é Diretora da Fundação Napoleon Hill no ES e a sugestão foi dela. Juliana é uma grande conhecedora do comportamento humano e liderança de alta performance, com isso, posso dizer a vocês que a preocupação sobre sofrimento psicológico dos empreendedores, ou, até mesmo, sobre se haveria ou não uma relação entre os desafios do empreendedorismo e a saúde mental de quem empreende é escasso. Muitos não se atentam a essa nuance da vida que tem tanta importância.
Sabe porquê? Confundem desgaste mental com um cansaço pela rotina e, com isso, aumentam consideravelmente os níveis de sofrimento psicológico e na grande maioria relacionados a sua capacidade de gerar resultados.
Então os super-heróis e super-heroínas do empreendedorismo também sofrem?
É um fato que os empreendedores são pessoas mais resilientes, mais persistentes e até mais realizadoras. E ainda, isso trouxe a ideia (meu ponto de vista, bem equivocada) de que pessoas com tais características pudessem estar mais preparadas para enfrentar situações de grande estresse.
Vou colocar dois pontos em evidência, que no meu ponto de vista, são de extrema importância ser abordado nesse artigo:
Relação entre queda financeira e sofrimento psicológico – o maior impacto é a queda do rendimento familiar. Retirando os fortes danos da pandemia podemos pensar que os empreendedores podem passar por instabilidades financeiras diversas vezes ao longo de sua jornada e esse É um fator de grande estresse presente em seu cotidiano. Coloquei como primeiro e mais importante, porque pessoalmente, passei por ele e afirmo a vocês, é o ponto que devemos ter o maior cuidado, simplesmente porque é no desespero que as coisas pioram e uma ajuda emocional é fundamental para superar esse grande desafio.
Relação entre incerteza e sofrimento psicológico – e por fim, quanto mais incerto é o ambiente para o empreendedor, mais severos são os níveis de estresse, ansiedade e depressão. Novamente, o empreendedor passa boa parte de seu tempo imerso em ambientes de incertezas e isso pode ser mais um estressor presente em seu dia-a-dia.
E mesmo com todos os desafios é possível empreender de forma mais saudável!
De acordo com uma pesquisa publicada pelo IBGE, apenas 22,9% das empresas fundadas em 2009 continuavam operantes em 2019. Agora vou deixar a vocês uma reflexão com a informação que eu acabei de passar aqui, porque nós brasileiros continuamos empreendendo?
Simplesmente porque acreditamos fielmente que vamos deixar nossa marca no mundo, que somos capazes de mudar e inovar, o sentimento de conquista é muito prazeroso e, para finalizar, porque acreditamos que existe algo melhor no horizonte, só precisamos ter garra para chegar lá.
Para encerrar, quero dizer que podemos e devemos buscar formas de empreender que sejam mais saudáveis. Isso vai de encontro com inúmeras pautas relevantes sendo discutidas ao redor do mundo, como a construção de um olhar mais humano sobre o trabalho, sobre saúde de forma mais ampla, entre outros. Precisamos refletir sobre a possibilidade de que os heróis (nada super poderosos) do empreendedorismo também possam estar enfrentando desafios estressores e sofrimento psicológico.
Além disso, é preciso falar mais sobre a temática e buscar formas de discutir abertamente, abrindo espaços seguros para que os empreendedores sintam que podem falar sobre seus sofrimentos e buscarem ajuda quando isso for necessário. Ou mesmo, que possam investir em ações de prevenção, realizando seus projetos e sonhos, a partir de jornadas saudáveis e equilibradas. Isso é real, isso é possível e isso é necessário também no mundo do empreendedorismo.
Não disse que é fácil, mas disse que é possível, não ando plenamente sem nenhum abalo, mas entendo que meu caminho é meu e de mais ninguém, isso me ajuda a direcionar minhas decisões confiando no meu discernimento e na minha capacidade. Para os que desistem no caminho ou para aqueles que querem começar, vou compartilhar um ponto de maior relevância, invista em você, estude sobre o comportamento humano e liderança, seja o maior conhecedor de como você funciona, isso não só vai garantir um equilíbrio como resultados acima da média.

Milena Rohr

https://www.instagram.com/milenarohrconsultoria/

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