A Era da Automação: Progresso Tecnológico e o Paradoxo da Fome, por Tristan Tell p/ a VERVE MAG INTERNACIONAL

Em um mundo onde a robótica e a automação avançam a passos largos, transformando radicalmente os meios de produção e as tecnologias que empregamos, enfrentamos um paradoxo alarmante: a ameaça da fome persiste, mesmo diante de um nível sem precedentes de eficiência tecnológica. Este artigo explora os quadros históricos e políticos atuais, destacando exemplos de avanços como a robótica, e discute como a falta de capacitação e desenvolvimento de habilidades pode levar a um acesso ainda mais restrito a produtos e alimentos, apesar de sua redução de custos.
Desde a Revolução Industrial, a humanidade tem testemunhado uma série de transformações na forma como produzimos bens e serviços. A introdução de máquinas cada vez mais sofisticadas tem permitido um aumento exponencial na produção, ao mesmo tempo em que reduz a necessidade de trabalho humano em tarefas repetitivas e perigosas. No entanto, essa transição para a “fábrica do futuro” não vem sem seus desafios. A automação, embora prometa uma produção mais barata e eficiente, também traz consigo o risco de desemprego em massa e a necessidade de uma força de trabalho altamente qualificada.
A robótica avançada, por exemplo, tem sido uma força motriz na otimização do tempo, aumento da produtividade e da margem de lucro dos negócios. No entanto, o impacto da robótica na economia e empregos é complexo. Estudos indicam que a introdução de robôs nas indústrias pode reduzir o emprego e os salários, criando um cenário onde os benefícios da automação não são distribuídos igualmente entre a população.


A questão da capacitação e desenvolvimento de habilidades é crucial neste contexto. Políticas de treinamento e desenvolvimento são fundamentais para preparar a força de trabalho para as demandas de um mercado cada vez mais tecnológico. Sem essas políticas, corremos o risco de agravar as desigualdades sociais e econômicas, pois os avanços tecnológicos tendem a beneficiar aqueles que já possuem as habilidades e o conhecimento para se adaptar.
Além disso, o acesso a alimentos e produtos em economias emergentes é uma preocupação crescente. A pandemia de COVID-19, por exemplo, expôs as fragilidades do setor agroalimentar, com perturbações na oferta e demanda que afetam principalmente os mais pobres. Em países onde a produção agrícola depende mais da mão-de-obra, o choque macroeconômico causado por crises globais pode ameaçar seriamente a segurança alimentar e os meios de subsistência.
Por fim, a influência política na pobreza e distribuição de riqueza não pode ser ignorada. A redistribuição de renda e riqueza é frequentemente influenciada por aqueles com poder político, e não necessariamente direcionada para os mais necessitados. Isso sugere que a pobreza e a desigualdade são, em grande parte, uma questão política, moldada por decisões e políticas que favorecem as elites em detrimento da maioria.
Em resumo, enquanto a robótica e a automação prometem um futuro de abundância e eficiência, a realidade é que sem políticas adequadas de capacitação e desenvolvimento, e sem uma distribuição justa dos benefícios tecnológicos, o paradoxo da fome continuará a ser uma ameaça real para muitos, mesmo em meio à opulência tecnológica. É essencial que reconheçamos e abordemos esses desafios para garantir que o progresso tecnológico beneficie a todos, e não apenas uma minoria privilegiada.

TRISTAN – JORNALISMO VERVE

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