
Você já sentiu que há algo no ar que não consegue nomear? Algo que queima, aperta o peito e te empurra para fazer de novo, e de novo, sem um propósito claro? Como se uma força invisível moldasse seus dias, te mantendo sempre em movimento, mas sem direção?
Vivemos em um tempo onde a quantidade superou a qualidade, onde a atenção virou moeda e a repetição sem sentido se tornou regra. Escrevemos, falamos, postamos, consumimos—não porque queremos, mas porque algo nos impele a continuar. Como um vício silencioso, um jogo onde ninguém vence, mas todos continuam jogando.
As redes sociais, a internet e o mercado de conteúdo criaram um sistema que não se importa com o que dizemos, apenas com quanto dizemos. Não importa se há verdade, se há essência—importa apenas se engaja. É um looping infinito de produção e consumo, onde a pressão para estar presente, visível, relevante, se sobrepõe à necessidade de significado.
O filósofo Byung-Chul Han chama isso de sociedade do cansaço—um mundo onde nos tornamos exploradores de nós mesmos, sugando até a última gota de criatividade, de energia, de existência, apenas para continuar alimentando um sistema que nos esgota. Nietzsche já previa esse vazio, esse niilismo disfarçado de progresso, onde corremos sem saber para onde, apenas para não ficarmos para trás.
E o que sobra disso tudo? Uma sensação de desgaste, de desconexão, de um vazio que nada preenche. A vida se tornou um ciclo de urgências que não sabemos de onde vêm. Como sair dessa engrenagem? Como quebrar esse jogo invisível que nos prende?
Talvez a primeira resposta seja parar. Apenas parar. Olhar para o que fazemos e perguntar: isso tem sentido para mim? Ou sou apenas mais uma peça nesse tabuleiro sem dono?

Tristan Tell
Cineasta, Jornalista, Escritor e Editor Responsável pelas Publicações Verve
@tristantell_escritor
Uma resposta
Você tem razão, porém há algo em nós que é único e se realiza gratuitamente… É o que eu penso ser a nossa consciência em estado ativo. Obrigada!