A Esfinge de Gisele: Beleza, Ilusão e a Tragédia do Sonho Moderno! Por Tristan Tell

O Enigma da Esfinge e o Devorar dos Sonhos

Na mitologia grega, a Esfinge era um ser enigmático que devorava aqueles incapazes de decifrar seu enigma. Seu olhar hipnótico fascinava e aterrorizava ao mesmo tempo. No mundo contemporâneo, esse arquétipo ressurge na forma de uma nova esfinge: a da beleza inalcançável e do sucesso ilusório.

O sonho de ser alguém—de ser visto, desejado e glorificado—tornou-se um fenômeno devorador, especialmente nas redes sociais. O espetáculo digital não promete apenas sucesso instantâneo, mas a ilusão de que qualquer um pode ser extraordinário. A realidade, no entanto, é cruel: poucos conseguem chegar ao topo, e a maioria se perde num pesadelo de expectativas frustradas e autoengano.

Gisele: Beleza ou Destino?

Gisele Bündchen é um ícone global. Sua ascensão foi meteórica, uma tempestade perfeita entre genética, sorte e mercado. Segundo a Wikipédia, no final dos anos 90, Bündchen tornou-se a primeira em uma onda de modelos brasileiras a conquistar sucesso internacional. Em 1999, a VOGUE observou “O Retorno da Modelo Sexy”, creditando ela como expoente do fim da era “chique heroina” na indústria da moda. Bündchen foi um dos Anjos da VICTORIA’S SECRET, de 2000 a meados de 2007. A brasileira foi a pioneira na “caminhada a cavalo”, um movimento pomposo criado quando uma modelo levanta os joelhos e chuta os pés para a frente. Mas, ao contrário da narrativa vendida, ela não criou seu destino ou estilo, foi escolhida por eles. Estava na hora certa, no lugar certo, como poderiam ter estado tantas outras mulheres igualmente belas e talentosas.

E, no entanto, ela foi transformada em algo maior que si mesma: uma entidade intocável, um modelo inalcançável de perfeição e hoje, como todos nós, sob o efeito dos dias que passam e das escolhas de mercado. Mas o que há além disso? O que resta quando a beleza já não é mais o ingresso para o grande espetáculo?

A Esfinge não responde—ela apenas sorri e observa os que tentam decifrá-la.

O Devorar da Geração Digital

O culto à imagem e à exposição instantânea criou uma geração que deseja tudo agora, sem construção, sem profundidade. Concursos, vídeos virais, seguidores, filtros: uma ilusão coletiva que se alimenta do desespero de querer ser alguém. Mas ser alguém no quê? No quê, se o que resta é apenas um reflexo brilhante que não se sustenta?

O Brasil, um país carente de heróis reais, abraçou a ilusão de Gisele como símbolo máximo de êxito. Afinal, não sabemos olhar para nós mesmos—estamos sempre de costas para o Brasil e de frente para o mar, esperando que a sorte nos alcance como um raio caindo do céu.

Mas a esfinge é implacável. Ela devora aqueles que não compreendem o enigma do tempo, da profundidade, da construção. E assim, seguimos produzindo novas Giselas—rostos perfeitos sem substância, prontos para alimentar o ciclo da frustração futura. E não há nada de ruim em tudo isso ou há? Muitos dirão que não e outros nem saberão por onde a banda toca de verdade.


O Resgate da Cultura e a Ruptura com o Colonizador Invisível

Se quisermos quebrar esse ciclo de ilusões e frustrações, precisamos urgentemente resgatar nossa cultura e nossa identidade nacional. O Brasil não precisa de supermodelos para se sentir relevante ( podemos tê-las também, pois já dizia Vinicius de Moraes: “beleza é fundamental!”) , nem de astros fabricados pelo algoritmo para provar seu valor. Precisamos de um “povo belo como é belo todo amor” e que se reconheça, que não dependa da validação externa para existir.

Isso significa expulsar ( ou recusar, como queiram) o colonizador invisível que ainda habita nossa mentalidade, aquele que nos faz desprezar o que é nosso e endeusar o que vem de fora. Significa trocar o sonho importado pelo orgulho da construção genuína, abandonar a obsessão pela fama vazia e investir na formação, no pensamento crítico, na arte e na educação. Só assim a esfinge deixará de devorar nossos sonhos—e nós, finalmente, deixaremos de ser apenas espectadores da nossa própria história. Mas não é fácil, não é?! Alguém aí recusaria uma coca-cola bem gelada num dia de sol? Eu prefiro minha água de coco.

Tristan Tell

@tristantell_escritor

Bacharel em Comunicação, habilitado em Cinema pela FAAP(1986-90). Jornalista c/ 31 anos de experiência em veículos de comunicação como TV Record, TV Bandeirantes e diversos jornais.

Músico ( EP – Espinha Dorsal) e Poeta é Autor de 06 livros

www.tristantell.com.br

Compartilhe este conteúdo...

Uma resposta

  1. Está sendo muito satisfatório poder dividir os sonhos da minha princesa Sarah Lopes com este profissional , Tristan Tell foi uma porta aberta na carreira da minha filha que possamos continuar nossa parceria com muita dedicação e carinho
    como sempre foi desde o início parabéns pelo seu trabalho sucesso.
    Atenciosamente :Regina Lopes ♥️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações Verve

Categorias

Categorias

Colunistas