Durante todo o processo de elaboração de um novo produto, podemos identificar formas de diminuir o impacto no meio ambiente. Um ponto muito importante para se pensar em relação à sustentabilidade são as embalagens cosméticas, já que são muitas. As embalagens primárias ficam em contato direto com o produto, geralmente de plástico ou vidro, enquanto as embalagens secundárias abrigam uma ou mais primárias e pode ser de papel, além das caixas destinadas propriamente ao transporte.
Os cosméticos em barra, sólidos, são boas alternativas para redução do uso de embalagens plásticas, e também redução do uso de água na formulação e conseqüente volume a ser transportado. Há fórmulas que contemplam desde o sabonete até shampoos e condicionadores em barras. Normalmente são utilizados embrulhos mínimos, apenas em papel, muitas vezes reciclados ou biodegradáveis. Também colaboram com a redução da emissão de CO2 já que o transporte e a distribuição podem ser otimizados.
A embalagem de vidro muito usada na perfumaria, também pode ser uma alternativa para cremes faciais e séruns. Essas embalagens são mais facilmente recicladas que outros tipos de materiais, e também poderiam ser reutilizadas várias vezes, como no caso das garrafas na indústria de alimentos. Porém, considerando a logística e peso para o transporte dessas embalagens também geram um impacto adicional, somando a necessidade de embalagem secundária para proteção de tais cosméticos, além é claro, das caixas habituais para o transporte. Sabemos também que o papel das embalagens secundárias de papel é possível reciclar, porém se for possível reduzir o seu uso, seria uma embalagem apenas por produto e não duas que poderiam virar lixo na natureza.
Porém, para a maioria das fórmulas líquidas destinadas à higiene e cuidados pessoais, como loções, shampoos e condicionadores que possuem em média 20% de ingredientes ativos, e o restante da sua formulação é água, seu armazenamento e transporte são facilitados por meio das embalagens plásticas.
Para produção dessas embalagens plásticas cosméticas as resinas mais utilizadas são polímeros derivados do petróleo como o PET (Politereftalato de Etileno), polietileno e poliestireno, por serem mais maleáveis e mais resistentes, mas com grande impacto ambiental devido ao longo período de degradação, sendo que a sua reciclagem já vem sendo estimulada por algumas empresas.
Ademais, há alternativas mais sustentáveis, pois algumas versões desses produtos usam refil e embalagens já recicladas. É o caso das embalagens do tipo stand-up pouch, por exemplo, produzidas a partir de PET PCR (Reciclado Pós-Consumo) de grau alimentício, desenvolvidas com até 30 % de resina de garrafas PET recicladas junto aos filmes de poliéster. Para esse processo de reciclagem e descontaminação das garrafas PET pós-consumo é necessária uma tecnologia de recuperação física e química com alta eficiência de purificação, e que seja aprovada e registrada na ANVISA, para contato direto com alimentos e também com produtos cosméticos. Essas embalagens flexíveis além de serem usadas como refil também pode conter bico dosador e serem utilizadas como embalagem final.
Também já é possível encontrar no mercado bisnagas plásticas com a resina Go Green P-Life, por exemplo, que acelera a biodegradação desse material, no intuito de reduzir o impacto ambiental, seguindo os critérios de normas nacionais e internacionais. Essa é uma resina pró-degradante a base de ácido graxo derivado do óleo do coco de uma palmeira, que transforma todos esses polímeros derivados do petróleo em produtos biodegradáveis utilizando a luz solar e a energia térmica como catalizadores na natureza. No caso dessas bisnagas de polietileno decoradas e das tampas de polipropileno foram obtidos laudos comprovando a eficiência da resina pró-degradante, ou seja, acelerando a decomposição para cinco anos no caso das bisnagas e dois anos no caso das tampas, e terão no final do processo de decomposição somente água, CO2 e húmus.
Para o transporte no varejo também podemos pensar as sacolas de forma reutilizável, reciclável, e até mesmo já recicladas. Um exemplo são as sacolas cosméticas que podem ser confeccionadas a partir do reuso de capas de sombrinhas e guarda-chuvas devidamente higienizadas, que já vem sendo manufaturadas como parte do projeto Aquecer e Proteger Reciclando (SP). Gerar menos impacto ao meio ambiente em toda a escala de produção e consumo dos cosméticos é contribuir realmente para uma beleza mais saudável, compreendendo o bem-estar de forma ampla. As pequenas mudanças na nossa rotina de cuidados, optando por uma cosmética limpa que respeite o meio ambiente, torna o consumidor final grande aliado da natureza.