Endodontia – Por Dra. Rita Fernandes

ENDODONTIA – ANTES DE TUDO: PREVENÇÃO!

A Endodontia é o ramo da Odontologia que trata dos problemas que tem origem no interior do dente, local onde se localiza a polpa dental. Popularmente, endodontia também é chamada de tratamento de canal, mas é bem mais amplo, como poderemos ver nesta entrevista especial com a Dra. Rita fernades, especialista.

Por que há a necessidade de um tratamento de canal?

Quando a cárie destrói o esmalte e a dentina  do elemento dental de forma que atinge a polpa do dente. Causando inflamação ou infecção devido a contaminação da polpa. Em casos de trauma dental, dependendo da intensidade a polpa entra em colapso e morte. Nesses casos, o dente sofre alteração de cor (escurece). Em casos de fratura do dente, quando há exposição do nervo.

Quais são os sinais de necessidade de tratamento de canal?

Dor de dente que pode durar horas; Dor latejante; Sensibilidade ao mastigar; Dor que irradia para outros dentes;Dor á temperaturas quentes e/ou frias.

Sempre que um dente dói, deve receber tratamento endodôntico?

Não. A pulpite (dor de dente) pode ser classificada como reversível ou irreversível. A pulpite reversível é caracterizada por uma dor de curta duração que se dissipa após a remoção do estímulo. Ela também é caracterizada por sensibilidade apenas a temperaturas frias e pode ser uma dor localizada. Caso a pulpite reversível não for tratada, pode evoluir para uma pulpite irreversível, e então necessitar de um tratamento de canal.

Por que meu dente precisa de um retratamento de canal?

O retratamento endodôntico é realizado nos casos em que o primeiro tratamento endodôntico não teve sucesso. O insucesso pode ser pela flha na localização de todos os canais radiculares presentes; canais não instrumentados e limpos certamente comprometem a sanificação. Outro motivo que torna necessário o retratamento endodôntico é a qualidade da obturação do canal. Canais com uma obturação aquém da desejável podem levar a uma nova contaminação do canal radicular, ocasionando lesões no ápice radicular.

Como é feito o tratamento de canal?

Antes do tratamento de canal, o dente é radiografado. A imagem radiográfica serve como um mapa que fornece informação útil sobre o interior do dente, como a localização da câmara pulpar, o número e formas dos canais e qualquer outro achado importante para o sucesso do tratamento.

O paciente é submetido à anestesia local, após é realizado o isolamento absoluto. Depois é realizado o acesso cirúrgico (localizar os condutos), então é removido todo o nervo da polpa e do(s) conduto(s). Inicia-se a sanificação com hipoclorito de sódio 0,5%, 1%, 2,5% ou solução de clorexidina á 2%, alternando com a instrumentação. Instrumentando e irrigando sempre. Eu costumo utilizar o sistema reciprocante para os tratamentos endodônticos. Por fim, vamos para a obturação do(s) conduto(s), que é realizado com cone de guta-percha e cimento endodôntico.

Em quantas sessões se faz um tratamento endodôntico?

O número de sessões para o tratamento endodôntico depende do estado do dente. Por exemplo, um elemento dental com polpa necrosada não é recomendado o tratamento em sessão única. Atualmente, com os avanços tecnológicos e o aperfeiçoamento do preparo químico-mecânico durante a limpeza durante a limpeza e modelagem do canal radicular, o tempo para a concretização do tratamento foi reduzido, possibilitando a realização do procedimento em sessão única.

Após as sessões de tratamento, é comum sentir dor?

É bastante comum, isso não quer dizer que todos sentem. Essas dores ocorrem como consequência do próprio procedimento que é delicado, e normalmente, cessam após 2 ou 3 dias.

O dente irá precisar de algum cuidado ou tratamento adicional?

Sim. Após realizado o tratamento endodôntico, o elemento dental deve passar por reabilitação. Essa pode ser realizada com resina composta, ou uma prótese fixa.

Um dente já tratado pode receber novamente tratamento endodôntico?

Sim. É o retratamento endodôntico.

Este tratamento é completamente eficiente?

O tratamento de canal se bem realizado é completamente eficiente, mas se por qualquer motivo não foi possível seguir com todos os princípios exigidos poderá ser necessário uma nova intervenção.

O dente morre depois do tratamento?

De maneira genérica, sim. Tratar o canal significa remover os nervos de um dente que foram expostos a uma contaminação ou agressão. Quando isso acontece, qualquer tipo de irrigação sanguínea cessa, o que também elimina a dor, uma espécie de “morte” do canal.

Sempre que se trata o canal o dente escurece?

Geralmente o tratamento não deixa os dentes mais escuros, mas a coloração pode sofrer alteração em algumas situações: Decomposição da polpa coronária; As partes da cavidade do dente não são removidas completamente; Quando há hemorragia durante a remoção da polpa; Substâncias que podem oxidar a cavidade do dente, deixando-o com uma tonalidade mais escura.

O que poderá ocorrer se o tratamento endodôntico não for realizado?

A necrose da polpa pode se estender para a região do periápice, podendo ocasionar reabsorção óssea, formação de granulomas e cistos, além outros dentes próximos. Consequências mais graves, como uma bacteremia (presença de bactéria na corrente sanguínea) também podem ocorrer.

Uma infecção na raiz pode prejudicar a saúde?

Pode sim. O que já está comprovado há muito tempo é o risco de uma infecção que atinge osso alveolar. Ela pode, inclusive, levar a doença cardíaca.

Pode voltar a doer um dente com canal tratado?

Ter uma sensibilidade por um período curto é normal. Dor após muito tempo pode ser sinal de insucesso no tratamento. Deve ser avaliado pelo cirurgião-dentista.