VERVE MAG Internacional Alta Costura: o que é, quanto custa, quem faz e quem compra

POR CAMILA YAHN
Quando a semana de Alta Costura começa, com ela vêm não apenas algumas das imagens mais lindas da moda, como os maiores sonhos de um grupo seleto de estilistas são colocados em prática, tendo como ferramenta a expertise de artesãos que transformam esses sonhos em realidade.
O QUE DESIGNA?
O que caracteriza a Alta-Costura é a moda exclusiva, feita à mão, com materiais de altíssima qualidade. Quem define o que é e o que não é couture é a Federação da Alta Costura e da Moda (antiga Chambre Syndicale de la Haute Couture), que revê o grupo de marcas anualmente. O termo é legalmente protegido e controlado e só pode ser usado pelas casas que receberam essa designação pelo Ministro da Indústria na França. Há regras rígidas, como ter um ateliê em Paris, empregar ao menos um staff em tempo integral de 15 pessoas, fazer as peças sob encomenda com ao menos uma prova de roupa e apresentar suas coleções publicamente duas vezes por ano, com ao menos 35 looks para dia e noite.
Algumas peças podem chegar a até 1000 horas de trabalho feito pelas mãos mais habilidosas do mercado. Lady Amanda Harlech, colaboradora antiga de Galliano e veterana da Couture (trabalhou 18 anos na Chanel), conta que um terno da marca é feito por duas pessoas trabalhando o dia inteiro por duas semanas. Normalmente, horas, dias e até semanas são gastos na confecção de uma peça de AC. É uma obra de arte, mas usada em um corpo. Musa da Chanel, Caroline Sieber conta o que é tão especial na Alta-Costura. “Você já comprou alguma peça? É como abrir a caixa de Pandora: não tem volta”.
BASICAMENTE, HOJE A ALTA-COSTURA É DEFINIDA POR: CRIATIVIDADE E EXPERIMENTAÇÃO, EXPERTISE ANTIGA E DINHEIRO NOVO.
A Alta-Costura tem a ver com técnica e não com preço. É um segmento com pouquíssimos clientes e que não rende lucros para as empresas. Qual é o ponto então? Assim como as marcas de carro mostram sua expertise por meio da criação de supermáquinas, os estilistas usam a AC como um posicionamento, uma forma de mostrar suas maiores habilidades técnicas e criativas. Todos os limites são mais elásticos, já que o budget sai como se fosse uma estratégia de marketing.
As redes sociais ajudaram a Alta-Costura a se tornar um mundo de inspiração e delírio mesmo para quem não pode comprar. E ainda detona tendências, como aconteceu com os tênis vistos nas passarelas de AC da Chanel e Dior. A Chanel viu suas vendas de Couture aumentarem 20% com a coleção de Verão 2014. E no início do mesmo ano, a Valentino esperava um aumento de até 35% nas vendas do segmento, segundo o WWD. O tapete vermelho é fundamental e uma das justificativas de a Alta-Costura ainda existir, já que não há vitrine melhor para inspirar glamour e sonho.
QUEM FAZ?
Fazem parte da Federação Francesa de Alta Costura as casas Chanel, Dior, Schiaparelli, Maison Margiela, Valentino, Givenchy, Atelier Versace, Zuhair Murad, Elie Saab, Bouchra Jarrar, Stéphane Rolland, Jean Paul Gaultier, Viktor & Rolf, Adeline Andre, Ulyana Sergeenko, Fendi, Giorgio Armani Privé, Alexis Mabille, Maurizio Galante, Alexandre Vauthier, Giambattista Valli, Ralph & Russo, Franck Sorbier e Iris Van Herpen.
QUANTO CUSTA?
Preço não é uma preocupação para as cerca de quatro mil consumidoras globais de Alta-Costura. Uma peça sem muitos ornamentos pode começar nos US$ 10 mil, de acordo com um artigo publicado no “The Telegraph”. Já para os modelos de noite, o céu é o limite, com o preço batendo na casa dos milhões quando pedras preciosas são usadas. Algumas clientes olham para a Alta-Costura com naturalidade. “É como mandar fazer um terno na Savile Row”, simplifica Daphne Guinness, adepta do Couture há 30 anos, referindo-se à luxuosa rua dos alfaiates em Londres.
QUEM COMPRA?
Estima-se que há cerca de quatro mil clientes de Alta-Costura no mundo. Para se ter uma ideia, Jean Paul Gaultier diz que de todas as suas clientes, cerca de 60 consomem Couture. Aliás, cliente é um termo chulo para defini-las. Na Alta-Costura, elas são colecionadoras. Há também, entre as marcas, uma percepção de que a idade da compradora está diminuindo. A Dior diz que a faixa etária baixou de 40 anos para 30. Veja algumas razões: 1) as roupas são mais usáveis hoje do que antigamente; 2) jovens consumidoras milionárias fazem vestidos de noivas e outras celebrações importantes com estilistas de Alta-Costura, sendo sua “passagem” para esse universo de luxo sem fim; 3) elas logo passam a ser paparicadas pelas marcas e recebem convites de fila A para ver os desfiles e, sem seguida, fazer suas encomendas; 4) é um sinal de status dentro de seu grupo e nada mais original do que uma peça de AC, feita sob medida, ao seu gosto.
O dinheiro vem de família ou de casamentos, que resultam em verdadeiras histórias de Cinderela. Há muitos casos de mulheres que tiveram uma vida dura, trabalharam como garçonete ou modelo b, mas casaram-se com bilionários, normalmente magnatas russos do mercado imobiliário, ou sheiks. Além das jovens herdeiras, estima-se que outra fatia de público que está aquecendo o segmento são as empresárias da área de tecnologia, maduras profissionalmente, porém ainda jovens, e que ganham uma fortuna por mês. Um porta-voz da Atelier Versace já disse que as brasileiras encomendam pela internet e depois vão para a Itália fazer as provas de roupa.
Fonte: https://ffw.uol.com.br

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Uma resposta

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